terça-feira, 20 de novembro de 2012




"Não sei se foi por preguiça, por condicionamento,pela dificuldade de estarmos plenamente atentos no instante de cada ação.O fato é que a planta havia morrido há semanas e durante todo aquele tempo eu continuei a regá-la, como se estivesse ali.O vaso cheio de terra, vazio de verde, permanecia no mesmo lugar,entre os outros, como se nada houvesse acontecido. Toda vez que eu repetia o movimento, eu me dava conta da estranheza do meu gesto,mas acabava me entretendo com outra coisa e adiava mais uma vez a retirada do vaso.Outra hipótese é o embaraço que às vezes temos para reconhecer a morte das coisas.Para aceitar que o tempo delas acabou, embora possa ser tão óbvio como um vaso sem planta.(...) Nossos gestos de desapego são capazes de criar espaço para o novo.Minha mãe plantou outra muda de planta naquele vaso.A última vez que vi, estava florida."
                                           [Ana Jácomo]                                                          

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